Qualquer um pode vir aqui e dizer que viver é simples. Eu mesmo já perdi a conta de quantas vezes já o fiz. Na verdade viver não é tão simples assim; as coisas, como um todo, não são tão simples assim. Um dia você acorda, olha no espelho e, inexplicavelmente, não se reconhece. Você pára, respira, pensa. Por um segundo as coisas deixam de fazer tanto sentido e então, neste momento, uma cena do passado vem à cabeça e tudo vai depender do que fica perdido entre o cérebro e o coração. Você não é mais aquele e qualquer pensamento o faz refletir sobre como chegou aqui. Transformar-se. A mudança se faz necessária. Será mesmo que só a mudança faz sentido? Ou será que mudamos pela incapacidade de sermos instáveis, mais profundos? De que vale mudar, mudar e mudar, substituindo a necessidade de resolver-se com quem realmente é por colagens de pequenos momentos de, aparentemente pequenas, mas inúmeras mudanças não necessariamente planejadas, mas que, sem perceber, fizeram-se constantes? Mudar está parecendo um pretexto para colocar a culpa, que é única e exclusivamente sua, na inconstância do dia-a-dia, nas pessoas, na incerteza das coisas, na falta de dinheiro e oportunidade de comprar o mundo e isso está acontecendo cada vez mais, mais e mais e não adianta, sempre vai faltar algo, sempre pode ser difererente, de outro jeito, em outro lugar, com outra pessoa, em outro momento. Enquanto estamos de olhos fechados, os dias não vão além de escolher um buraco no meio da rotina. Estamos viciados em coisas que passam, cegos por coisas que nem sabemos o que são. Lutas por um resultado vazio. Ninguém é nada até se bastar. Os outros parecem mais felizes que nós e, de fato, são, até se darem conta do inevitável, do amanhã, das ações praticadas para nada, sem obras, sem glória pessoal, apenas digitais vazias em superficiail felicidade momentânea. Atravessar este limite e ir além expõe o quanto nos conformamos.
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